Aqui, na minha rua, parou um caminhão enguiçado.
O motorista, pelo jeito, não entendia nada de mecânica a diesel.
Um vizinho meu, que adora se dizer mecânico e jura que consertava caminhões quando serviu no Exército, se ofereceu para ajudar. Olhou o motor pra lá, olhou pra cá e disse ao motorista:
— Esse motor fundiu, tem jeito não.
O motorista entrou em pânico e começou a reclamar da própria sorte.
Aguardei ele terminar de “desabafar”, fui para casa, voltei com uma lata de antioxidante spray (WD) e pedi ao vizinho que fosse até a cabine dar a partida.
Enquanto ele girava a chave, eu borrifava o antioxidante no carburador.
Não demorou dez segundos: o motor funcionou.
Meu vizinho saiu da cabine surpreso e perguntou:
— Rapaz, o que você fez pro motor desse caminhão funcionar?
Respondi:
— Nada demais, cara! Você foi mecânico do Exército, não foi? Lá, com certeza, tinha todas as ferramentas que precisasse.
Eu, por outro lado, fui ajudante de caminhoneiro do pipoquinha, o caminhão do Marcelão do Km 39. Lá, a gente quase nunca tinha ferramenta para consertar nada.
Tínhamos que improvisar sempre. Sem contar que, naquela época, todos nós éramos viciados em algum tipo de droga.
E com o nosso caminhão não era diferente: ele era “viciado” em WD — como este aqui vai ficar se o nosso amigo caminhoneiro não consertar esse motor e continuar fazendo uso desse produto.
O dono do caminhão me deu uma boa grana pelo conserto; dei uma parte ao meu “vizinho mecânico” e entreguei a lata de spray ao caminhoneiro, explicando como utilizá-la caso fosse necessário.
Também o alertei: quando possível, pare numa boa oficina de motores a diesel e dê uma geral no motor do seu possante.
Moral da história: você pode até pensar que não, mas, às vezes, até a mais poderosa das máquinas precisa de alguma espécie de “droga” para "relaxar" e mostrar serviço.
Márcio Diniz
26/04/2017 — Brisamar, Itaguaí — Rio de Janeiro
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